Os mitos da Biotecnologia
As corporações agroquímicas que controlam a orientação e os objetivos das inovações na agricultura através da biotecnologia argumentam que a engenharia genética estimulará a sustentabilidade na agricultura e solucionará os problemas que afetam a agricultura convencional e tirará os agricultores do Terceiro Mundo da baixa produtividade, pobreza e fome (Molnar e Kinnucan 1989, Gresshoft 1996). Comparando os mitos com a realidade é possível observar que os desenvolvimentos atuais na biotecnologia agrícola não satisfazem as promessas feitas e as expectativas criadas em torno deles.
A Biotecnologia beneficiará os pequenos agricultores e favorecerá os famintos e os pobres do Terceiro Mundo.
Ainda que exista fome no mundo e se sofra devido à poluição por pesticidas, o objetivo das corporações multinacionais é obter lucros e não praticar a filantropia. É por isto que os biotecnologistas criam as culturas transgênicas para uma nova qualidade de mercado ou para substituir as importações e não para produzir mais alimentos (Mander e Goldsmith 1996). No geral, as companhias que trabalham com biotecnologia estão dando ênfase a uma faixa limitada de culturas para as quais existe um mercado seguro e suficiente, visando os sistemas de produção exigentes em capital. Se os biotecnologistas estiverem realmente interessados em alimentar o mundo, porque o gênio científico da biotecnologia não procura desenvolver variedades de culturas que sejam mais tolerantes a ervas daninhas em vez de ser tolerantes a herbicidas? Ou porque não estão sendo desenvolvidos outros produtos mais promissores da biotecnologia tais como plantas fixadoras de nitrogênio e plantas resistentes à seca?
A Biotecnologia estimulará a conservação da biodiversidade.
Embora a biotecnologia tenha a capacidade de criar uma grande variedade de plantas comerciais e desta forma contribuir para a biodiversidade, este fato é improvável de ocorrer. A estratégia das multinacionais é criar grandes mercados a nível internacional para um único produto. Os sistemas agrícolas desenvolvidos com plantas transgênicas mediante a biotecnologia favorecerão as monoculturas, as quais estão caracterizadas por níveis perigosamente elevados de homogeneidade genética levando a uma maior vulnerabilidade dos sistemas agrícolas
A Biotecnologia é ecologicamente segura e constituirá o início de uma era de agricultura sustentável livre de químicos.
Espera-se que a Biotecnologia venha solucionar os problemas causados pelas tecnologias agroquímicas anteriores (resistência a pesticidas, poluição, degradação do solo, etc.) que foram promovidas pelas mesmas companhias que atualmente lideram a bio-revolução. As culturas transgênicas provavelmente estimularão um aumento no uso de pesticidas, o surgimento de insetos resistentes e acelerarão a evolução das “super ervas daninhas” (Rissler e Mellon 1996). Já foi provado que a idéia de resistência de “uma praga – um gene”, é rapidamente superada pelas pragas que estão continuamente adaptando-se a novas situações e desenvolvendo mecanismos de detoxificação (Robinson 1997). A promoção das monoculturas comprometerá os métodos agrícolas ecológicos, tais como rotação de culturas e o plantio de policulturas (Hindmarsh 1991).
A Biotecnologia estimulará o uso da biologia molecular em benefício de todos os setores da população.
A demanda pela nova biotecnologia não surge como o resultado de demandas sociais e sim a partir de mudanças na lei de patentes e do interesse econômico das companhias químicas em associar as sementes aos pesticidas. Á medida em que as universidades realizem parcerias com as corporações, a responsabilidade social dos cientistas fica comprometida. Áreas de pesquisa em controle biológico e agroecologia que não atraem o apoio das corporações são deixadas de lado, apesar disso não refletir o interesse público (Kleinman e Koppenburg 1988).
Site da pesquisa:
http://transgenicos.vilabol.uol.com.br/
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